30.8.04

O ANTIGO PORTO EBUROBRITIUM

Segundo alguns escritores e citando um, Manuel Vieira Natividade, o mar, em tempos antigos, entrando pela foz do actual rio Alcoa (Nazaré), formava um vasto estuário, sendo a entrada defendida por uma ilha em que se erguia uma fortaleza.

O mar entrava rio estreito, hoje chamado, Ponte de Barca, estendia-se por uma enorme bacia até Alfeizerão prolongava-se ao longo da Serra da Cela, Bárrio, Vestiaria, até Fervença, onde, ainda em 1200, barcos vindos de Lisboa, carregavam madeiras e descarregavam géneros para os frades de Alcobaça, segundo refere um velho manuscrito.

Daí passava um pouco a poente da actual Maiorga, Valado e junto a este lugar formava uma curva, as Águas Belas, voltando para o monte de S. Bartolomeu e prolongando-se com ele até ao estreito por onde entrava.

Para o sul também se dava o prolongamento, o qual se devia estender por Caldas da Rainha até Lagoa de Óbidos, indo alojar-se na Várzea da Rainha, tendo saída para o mar pela Foz do Arelho.
Resultava desta disposição que o terreno constituído pelas Serra da Pescaria e Serra do Douro, formavam uma ilha, que mais tarde, pela abertura da passagem entre as actuais povoações de S. Martinho do Porto e Salir do Porto (Barra da Baía de S Martinho), se dividiu em duas.

As areias e detritos que se foram acumulando nos remansos, juntamente ás que o vento transportava causaram assoreamentos separando em duas bacias o vasto estuário, estando hoje reduzido à Lagoa de Óbidos e Concha de S. Martinho do Porto.

Convertido o estuário em campos, que desde a foz do rio Alcoa, se estendia até Fervença e Alfeizerão compensando assim o mar no seu recuo, as terras onde correra, em toda a extensão da costa, na largura de, talvez 2 km, desde os tempos da ocupação Romana.

A abertura da vasto estuário foi devida a um grande abatimento da linha das montanhas, paralelamente ao mar, produzindo um vale tifónico que, descendo abaixo do nível do mar, deu lugar a que as águas o viessem ocupar em toda a sua extensão aproximando-se do actual trajecto da linha férrea, desde as proximidades do Bombarral, até um pouco a norte do Valado de Frades.

As águas que saíam pela foz do rio Alcoa, quando se abriu o rasgão de S. Martinho do Porto (Barra da Baía), passaram, tal como aconteceu na ponta sul, também a fazer remansos e as duas bacias do Alcoa e Alfeizerão separaram-se, estando hoje a do Alcoa transformada em campos de cultura e porto de abrigo e a de Alfeizerão reduzida à Baía de S. Martinho do Porto.