13.6.08

Lenda do Lago



N'aquela tarde calma. Fora a pesca abundante,
Sant’António do seu nicho, assiste vigilante
À faina. Os pescadores largam já d’amarra
E, como o mar manso,lá vão de proa à barra
Alegremente em fila, o porto demandando.
O leme vai na orça, velozes vão passando
Na linha da “ carreira “. Em frente da capela;
O Santo vai contando, um por um, vela por vela.

O sol é posto já. Traiçoeiro a refrescar
O vento aflige o Santo e atormenta o mar.
Toldou-se o céu também, logo a terra escureceu
E no regaço o Santo Jesus adormeceu.
Já nas ondas envergam os novelos d’espuma
Mas, na conta das velas, inda falta uma!
Nos lábios d’António, trémulos d’amargura
Alguma praga ao mar, entre as preces se mistura.

Um ponto branco, ao sul, lá longe entre a procela,
Traz rumo aproado, à alvura da capela.
O bom do Santo ao ver, esse asa de gaivota
Que, tão audaz procura. A linha da derrota,
Empalidece, e treme, temendo-lhe o destino.
Não se atreve porém a acordar o seu Menino.
E murmura: “Jesus, Senhor! A vaga é tão alta”
“E aquela vela é, a mais pequena que me falta”

Enquanto Dura a luta, entre o mar e a vela
António nota já, não ser deserta a capela.
Uma pobre mulher, nos degraus ajoelhada
Cinge contra o seio, uma cabecita dourada;
No seu ardente olhar e nos olhos da criança,
O ponto branco brilha, como um farol d’esperança
E o pescador afoito, aproa sempre a vela
Ao vulto da mulher, à brancura da capela

O mar redobra a fúria, é um leão rugindo
E tranquilo Jesus, no regaço vai dormindo;
Mas avistando o pano, roto já p’la rajada
A cabecita d’ouro exclama apavorada:
“Ó mãe? Ó minha mãe?”
“É o meu pai, quelá vem?!
”N’isto; o Menino acorda e mui mal humorado,
O aio santo increpa, de sobrolho carregado;
“O que foi isto António?” – “Quem foi que se atreveu?
”O Santo aponta a medo, a vela, o mar, o céu.

Nos olhos da mulher, onde a vela é agravada
Uma lágrima... Uma pérola pendurada.
Desvairado ao vê-la, implora Sant’António:
“Senhor... fazei bonança... O mar é um demónio... “
Jesus serenamente, do nicho então desceu,
Com uma mãozita em concha, a pérola colheu,
O seu rosado braço, enérgico balança
E às ondas infernais, a humilde jóia lança.

Depois... sorriu ao Santo com divino afago
E no mar, defronte da capela, fez-se um “lago” .

Um Pescador

11.6.08

Onde estão as árvores?

A requalificação da "marginal" de São Martinho do Porto foi das obras mais importantes nos últimos anos na vila e, ao contrário das intervenções urbanísticas habituais, desta vez verificou-se um beneficio para a qualidade urbana.

No entanto (parece ser uma sina em Portugal), ao fim de 2(?) anos a intervenção ainda está por concluír. Todos os elementos urbanos no espaço publico foram substituídos. Novo pavimento, sinalização, bancos, papeleiras, suportes para estacionamento de bicicletas (escassos), candeeiros (desadequados para o lado da marginal onde foram colocados pois metade da luz é atirada para os prédios) e caldeiras para árvores. Sucede que as árvores ainda estão por colocar em parte da marginal. Porquê? Até quando? Porque será que tem de ficar sempre qualquer coisa por concluír?

7.6.08

O Verão a nascer em São Martinho

Logo no início de Junho, recomeça um ciclo. Reaparecem as barracas, preparam-se as boias que vão delimitar a zona de banhos, é montado o bar de praia das embarcações onde se bebe aquela que é, provavelmente, a melhor "imperial" do país (sempre em copo gelado).

Assim se tem a certeza que o Verão está a chegar em São Martinho.

5.6.08